Imigrar é complexo e se misturar com os locais é bem difícil. Mas uma hora a gente já se sente mais de casa. Eu já fiz uma viagem para o Rio de Janeiro e pensaram que eu era gringa. Agora moro na Europa. Mas mesmo que eu não abra a boca aqui em Portugal, não passo por portuguesa. Porque tem coisas que entregam a nossa nacionalidade quando estamos fora de casa, não é mesmo? Vamos saber quais são elas:
Imigrar e fugir dos coleguinhas
Sei de gente que foge quando encontra um conterrâneo em outro país. E vi até atravessarem a rua ao ouvirem a língua nativa uma vez em Orlando, na Flórida. Mas confesso que eu amo quando aquele som bate no meu ouvido. Tanto tempo longe de Porto Alegre. Tenho muita saudade de algumas coisas que quando ouço um brasileiro, já sinto que é da família.
Algumas coisas não são segredo e nos identificam mesmo antes de começarmos a falar. Vivendo como uma imigrante em Portugal, eu gosto de testar se acertei quando vejo essas atitudes por aí:
Demonstrar afeto
Beijos e abraços, carinhos e afeto. Essas coisas que vemos em qualquer canto com pessoas no Brasil, não é tão comum fora dele. A Espanha foi o lugar com mais calor humano que conheci (depois do Brasil). Já beijei o marido em público aqui em Portugal. E quando ele falou “eu te amo” olharam como se fosse uma declaração de filme. Mas era só mais um carinho de todos os dias. Ah, esses imigrantes afetuosos!
Andar em grupos
Temos esse hábito de andar em bandos. Quando vou para Lisboa e vejo aquela galera, já sei que é bem provável que sejam da terrinha. Não tem nada que eu sinta mais falta do que isso. Sem baixo astral, depressão. E falando assim, parece que é impossível que alguém esteja para baixo em uma viagem. Mas sim, tem muita gente passeando por aí que parece triste com as férias. Não é o caso do brasileiro.
Viver na casa dos amigos e da família
Coisa rara de se ver é o ajuntamento clássico de toda semana que fazemos na casa de algum amigo ou parente. Só vi isso especificamente em aniversários e não chega nem perto no quesito animação. É mais para uma reunião mesmo. Quando a brasileirada imigrante se junta, é sempre uma festa. E é uma delícia.
Achar que tem que ser servido sempre
Eu não vou dar uma conotação ruim para isso, porque eu acho até engraçado. Quando viemos morar aqui, ficávamos esperando um serviço de mesa completo à brasileira nos restaurantes. O que encontramos foi algo inesperado. É um tal de se virar e ter paciência, porque cada um que está trabalhando ali está dando o seu melhor.
E a gente descobre que pode levantar e pegar o próprio cardápio. Também ir atrás de informações sem ficar sentado esperando eternamente como um rei. Acho bacana que eles percebam que tem um ser humano atrás do balcão. E aqui em Portugal é comum que seja um brasileiro que veio imigrar.
Minha experiência de imigração
Eu levei um baile no começo. Queria mesmo ser servida como rainha, senti falta do meu bando e tive muita culpa por ter deixado os jantares com a família para trás. Não perdi o jeito de abraçar e beijar todo mundo em público. E quando vejo alguém fazendo isso fico esperando que não seja brasileiro, porque o amor tem que se espalhar.
É um intercâmbio de culturas, informações e jeito de ser. Não tem certo. Não tem errado. Tem paciência para se adaptar e empatia para entender. Com o tempo a gente descobre que eles também reconhecem a gente por essas coisas. Mesmo antes de falarmos o “brasileiro”. Levamos nossos costumes para lá e para cá. Recebemos os dos outros. Tudo com respeito e com amor, porque é o que faz valer a pena. Imigrar é uma aventura única.
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