Voltar para a terra natal depois de anos morando fora é sair do mundo comum recém estabelecido e aceitar o chamado para a aventura outra vez.
Mundo comum
Ainda não chegou a minha hora de visitar o Brasil, mas está quase. Dois anos reaprendendo a viver uma vida comum. Comum para quem está aqui em Portugal desde sempre, porque, para mim, tudo é novo. Me habituei a aprender todo o dia. Aprendi que cada passo abre um novo caminho.
O chamado da minha terra
Agora que estou acostumando a estar aqui, a primeira vez que voltaremos ao nosso país está chegando. Já tive a fase de não querer ir. Pensava que tudo o que o Brasil tinha para dar eu já conhecia. Queria o novo de Portugal.
A recusa da saudade
Fugi do chamado o quanto pude. Deixei para ir na última hora, quando já não tinha escolha. Algo veio e me obrigou. Ok. Superei a relutância e estou tentando me comprometer com a viagem. Juro que estou até organizando uma espécie de agenda.
E as mudanças?
Mas cada etapa vencida não traz alívio, porque eu sei que as próximas serão mais difíceis. Experimentar as primeiras mudanças será doloroso. A terra que deixei há dois anos já não é mais a mesma, eu sei. Chegar no Brasil e encontrar um novo mundo que eu gostaria que estivesse como o antigo, de um tempo atrás, não vai ser fácil
Dificuldades na minha terra
Mas tenho que entender. Tudo é cíclico e dinâmico. Nem eu sou mais a mesma. Esse desencontro de expectativas vai acontecer e já me dá uma saudade do que não existe mais. Ouvi falar que o Brasil já é outro mundo.
Recompensa
Entendo também que muita gente quer reencontrar aquela velha pessoa que eu já não sou. Sinto muito, essa se perdeu na viagem. É uma grande mudança, para quem volta e para quem ficou. Enfrentar essa provação é obrigatório. Superá-la é uma aventura que traz uma grande recompensa: descobrir um novo tipo de amor.
De volta para a terra nova
Abraços, memórias, encontros e desencontros. Sabores do antes, perfumes da infância. Quando tudo parece natural outra vez é porque está chegando a hora de voltar para casa. Casa? Onde é mesmo esse lugar?
O renascer da saudade
Uma manobra aqui, um jeitinho ali. Espero que todo mundo entenda que coisas velhas não cabem em armários novos. Principalmente eu. Muito foi melhorado nos últimos dois anos e tem algumas coisas dessa viagem de volta para a minha terra que vai me fazer olhar para trás e tentar reaproveitar ensinamentos antigos para arrumar os problemas novos. Pode ajudar, mas passado é passado. Futuro é futuro. E o que importa é o presente.
O elixir da saudade
Se eu vou voltar do Brasil trazendo o elixir eu não sei. Porque desconheço até mesmo qual é o problema. Mas tenho certeza que antes de ir já tenho saudades da minha terra. Enquanto estiver lá, terei aquele gosto da nostalgia impregnado na minha língua. Quando voltar, ele estará tatuado na minha pele: saudades da minha terra.
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